Fotos: Lareira da minha mãe e vela acesa no dia de Natal.
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Lá fora chove...
Cá dentro, dentro de casa, um velho rádio vai debitando música que varia à medida que mudo de estação; "ninguém é de ninguém...mesmo quando se ama alguém", canta o João Pedro; o gato nico está constipado e espirra enfadado; respondo-lhe com o clássico "santinho !!!", como era hábito na minha aldeia; olha para mim e pensa que lhe estou a perguntar o que quer para o almoço; granulado, meu amigo,comprado na loja da aldeia, porque os tempos são de crise e nem os gatos estão isentos das medidas restritivas.
Sobre a mesa, livros, cadernos de apontamentos e o portátil aberto com um trabalho sobre "Ansiedade nas crianças em idade escolar", para apresentar no início de Janeiro; falta pouco; é aquilo a que investigador social Ricardo Vieira chama de "contenção temporal devido ao processo de Bolonha".
Estamos na recta final de 2010.Importa pensar no que fomos, no que somos e no que queremos ser; o ser humano é passado, é presente e é projecto, um projecto pessoal e ao mesmo tempo colectivo, porque somos seres sociais, portanto relacionais; O Eu+Tu = Nós,um todo colectivo sem que cada um renuncie à sua individualidade; um todo que é mais que a soma das partes;para lá da racionalidade da matémica, presente no sinal +, existem também o amor que nos une, ou o ódio que nos separa.
O mundo ,em geral, e Portugal em particular, estão em crise; crise económica mas também axiológica ; vigora o "salve-se quem puder"; vivemos na era da multiplicação: multiplica-se o desemprego, a miséria, a solidão do idoso, a dor da criança, a violência doméstica, a intolerância e a discriminação; multiplica-se também a venda de carros de luxo.
Perdemos quase tudo e pior do que isso estamos a perder a esperança...
Cá dentro, dentro do coração, mora o desejo de que consigamos encontrar, em 2011, uma réstea de esperança, uma razão para lutar, uma força para amar.
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Feliz Ano Novo.
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